quarta-feira, 23 de abril de 2014

"Gelo de fogo": fonte de energia ou de preocupação?

Meio ambiente

"Gelo de fogo": fonte de energia ou de preocupação?

Com informações da BBC - 23/04/2014

O metano hidratado fica abaixo de muitas camadas de gelo ou no fundo do mar. [Imagem: USGS]
É cada vez maior o esforço em busca de alternativas aos hidrocarbonetos tradicionais - petróleo, carvão e gás natural - seja porque eles são poluentes, seja porque sua extração tem-se tornado mais difícil.
Um substituto potencial que vem ganhando atenção é o hidrato de metano, encontrado em enormes quantidades sob o permafrost - o solo gelado do Ártico - ou os leitos dos oceanos.
Porém, apesar de potencialmente menos poluente que petróleo e carvão, sua extração apresenta enormes riscos ambientais.
Gás hidratado
Conhecido como "gelo que arde", o hidrato de metano - mais rigorosamente um clatrato de metano (CH4*5.75H2O) - é constituído por cristais de gelo com gás preso em seu interior.
Esses cristais são formados a partir de uma combinação de temperaturas baixas e pressão elevada e são encontrados no limite das plataformas continentais, onde o leito marinho entra em súbito declive até chegar ao fundo do oceano.
Ao reduzir a pressão ou elevar a temperatura, a substância simplesmente se quebra em água e metano - muito metano.
Um metro cúbico do composto libera cerca de 160 metros cúbicos de gás, o que o torna uma fonte de energia altamente intensiva. Por causa disso, da sua oferta abundante e da relativa facilidade para liberar o metano, um número grande de governos está cada vez mais animado com essa nova fonte de energia.
Acredita-se que as reservas dessa substância sejam gigantescas - a estimativa é de que haja mais energia armazenada em hidrato de metano do que na soma de todo petróleo, gás e carvão do mundo.
Extração do gás hidratado
O problema, porém, é extrair o hidrato de metano. Além do desafio de alcançá-lo no fundo do mar, operando sob altíssima pressão e baixa temperatura, há o risco grave de desestabilizar o leito marinho, provocando deslizamentos.
Uma ameaça ainda mais grave é o potencial escape do metano. Extrair o gás de uma área localizada não é tão complicado, mas prevenir que o gás hidratado se quebre e libere o metano no entorno é mais difícil.
E isso tem consequências sérias para o aquecimento global - estudos recentes sugerem que o metano é 30 vezes mais forte que o CO2 em termos de efeito estufa.
Por causa desses desafios técnicos, ainda não há escala comercial de produção de hidrato de metano em qualquer lugar do mundo.
Mas alguns países estão chegando perto.

Esses cristais são formados a partir de uma combinação de temperaturas baixas e pressão elevada. [Imagem: Wikipedia/Wusel007]
Experimentos tímidos
Os Estados Unidos, o Canadá e o Japão já investiram milhões de dólares em pesquisa e já realizam alguns testes.
Os Estados Unidos lançaram um programa de pesquisa e desenvolvimento nacional já em 1982 e, em 1995, tinham terminado a sua avaliação dos recursos disponíveis do gás de hidratos no país. Desde então, têm realizado projetos-piloto na costa da Carolina do Sul, no norte do Alasca e no Golfo do México. Cinco ainda estão em execução.
Os experimentos mais bem-sucedidos ocorreram no Alasca em 2012 e na costa central do Japão em 2013, quando, pela primeira vez, a extração de gás natural a partir de hidrato de metano no mar teve êxito.
Maior importador de gás do mundo, o interesse do Japão é óbvio, embora o orçamento anual do país para pesquisa na área é relativamente baixo - US$ 120 milhões (cerca de R$ 270 milhões) - embora o governo fale em produzir hidrato de metano em escala comercial no fim desta década.
A China e a Índia, com demandas enormes por energia, continuam tímidos em seus esforços para explorar o recurso.
Assim, mesmo os especialistas parecem céticos, sobretudo levando em conta a concorrência da indústria petrolífera e das enormes reservas de gás e petróleo de vários dos países que poderiam capitanear os esforços de extração do hidrato de metano.
O fato é que a Agência Internacional de Energia (IEA) ainda não inclui o gás hidratado nas suas projeções globais de energia para os próximos 20 anos.
Riscos ambientais
Mais preocupados estão os ambientalistas.
Se essa nova fonte de energia for explorada, o que parece provável no futuro, as implicações ambientais podem ser extensas.
Apesar de ser menos poluente que o carvão ou o petróleo, o gás hidratado continua sendo um hidrocarboneto e, portanto, emite CO2. E há ainda o risco mais sério da liberação direta de metano na atmosfera.
Alguns argumentam, porém, que pode não haver alternativa, na medida em que o aumento da temperatura global pode provocar a liberação do gás naturalmente, devido ao aquecimento dos oceanos e ao eventual derretimento das calotas polares.
Se essas prospectivas ambientalistas estiverem corretas, a decisão futura poderá ficar entre escolher explorar o gás hidratado ou deixá-lo vazar na atmosfera.

sábado, 12 de abril de 2014

Descoberto planeta-anão: pode existir mais um planeta gigante no Sistema Solar

Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/03/2014
Novo planeta-anão dá pista de planeta gigante distante
Os novos dados mostram que ainda estamos muito longe de conhecer integralmente o nosso Sistema Solar. [Imagem: Scott Sheppard/Chad Trujillo]
Fronteiras do Sistema Solar
A fronteira do Sistema Solar mudou de novo.
Astrônomos acabam de identificar mais um planeta-anão, temporariamente batizado de 2012 VP113.
Mas esta não é a parte mais interessante da descoberta.
O pequeno 2012 VP113 parece indicar a existência de um nono planeta no Sistema Solar, um gigante com eventualmente 10 vezes a massa da Terra e ainda mais distante.
Se é o Planeta X que a NASA anda procurando é algo que terá que esperar até que ele seja observado diretamente. Por enquanto, os astrônomos estão deduzindo sua existência por sua influência sobre a órbita do novo planeta-anão agora observado.
Até onde se conhece
O Sistema Solar conhecido pode ser dividido em três partes: os planetas rochosos como a Terra, que estão perto do Sol, os planetas gigantes gasosos, que estão mais distantes, e objetos congelados do cinturão de Kuiper, que se encontram um pouco além da órbita de Netuno.
Além deles, só se conhecia de forma direta até agora um objeto, chamado Sedna. Mas o recém-descoberto 2012 VP113 tem uma órbita além de Sedna, tornando-se o corpo celeste conhecido mais distante no Sistema Solar.
Isto mostra que, ao contrário do que se acreditava, Sedna não é único, e os dois planetas-anões podem ser apenas os primeiros identificados de uma nova população de corpos celestes muito afastados do Sol.
As teorias indicam que, ainda mais distante, existe uma região que passou a ser conhecida como Nuvem de Oort, que seria repleta de corpos celestes pequenos, de onde se originariam os cometas.
Novo planeta-anão dá pista de planeta gigante distante
Três imagens, coletadas com duas horas de diferença, foram sobrepostas para mostrar o movimento do 2012 VP113. Ele foi colorido artificialmente de vermelho na primeira imagem, verde na segunda e azul na terceira. [Imagem: Scott Sheppard/Chad Trujillo]
Planeta desconhecido
O 2012 VP113 está tão distante que a parte mais próxima de sua órbita o traz a 80 unidades astronômicas (au) do Sol - umaunidade astronômica equivale à distância da Terra ao Sol.
Para comparação, os planetas rochosos ficam entre 0,39 e 4,2 au do Sol, os gigantes gasosos entre 5 e 30 au, e o Cinturão de Kuiper, que inclui Plutão, fica entre 30 e 50 au. Sedna, o corpo celeste mais distante conhecido até agora fica a 75 au.
No ponto mais distante de suas órbitas, contudo, tanto Sedna quanto 2012 VP113 distanciam-se a centenas de unidades astronômicas do Sol.
O formato de suas órbitas indica que eles devem sofrer a influência de um outro corpo celeste de grande massa, já que eles estão longe demais para sofrerem a influência da gravidade dos planetas conhecidos.
Os astrônomos sugerem que pode ser uma "Super Terra", ou mesmo um planeta ainda maior, dependendo de sua distância, ainda por ser descoberto.
Muito a se descobrir
Segundo os descobridores do novo planeta-anão, os dados que levaram à descoberta do 2012 VP113 indicam que pode haver 900 objetos semelhantes com dimensões acima dos 1.000 km de diâmetro, e que a população da Nuvem de Oort "interna" poderia ser maior do que a do Cinturão de Kuiper e do cinturão principal de asteroides, entre Marte e Júpiter.
"Alguns desses objetos da Nuvem de Oort interna poderiam rivalizar em tamanho com Marte e mesmo com a Terra. Isto porque muitos deles estão tão distantes que mesmo os maiores têm um brilho muito tênue para serem detectados com a tecnologia atual," disse Scott Sheppard, que descobriu o novo planeta-anão juntamente com seu colega Chadwick Trujillo.
Bibliografia:

A Sedna-like body with a perihelion of 80 astronomical units
Chadwick A. Trujillo, Scott S. Sheppard
Nature
Vol.: 507, 471-474
DOI: 10.1038/nature13156
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=novo-planeta-anao-pista-planeta-gigante-distante&id=020130140327#.U0nzzPldWSo, acesso em 12/04/2014.